31 de março de 2010

O dia

Ao abrir os olhos naquela manhã, senti que algo estranho estava acontecendo. Não entendia de onde vinha aquele gosto azedo na boca, nem aquele cheiro de culpa, tão pouco vozes e imagens que passavam tão rápido na sua cabeça que ela preferia acreditar que não aconteceu. Aquele silêncio ensurdecedor tomava conta de todo lugar por onde eu passava, e apesar de está cheia de duvidas nenhuma resposta era suficiente para aliviar a amargura de uma vida cheia de cicatrizes e a dor de não aceitar ser quem sou. Mais do que tudo naquele dia, eu não procurava simplesmente uma solução ou explicação para o vazio que tomava conta do meu corpo. Eu procurava por abrigo nos braços de alguém, alguém que pudesse me ajudar a segurar o peso que trazia nas costas e assim nesses mesmos braços poder dormir e esquecer um pouco de tudo que me trazia medo, mesmo que fosse só por uma noite, mesmo que fosse engano.

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