Desta vez não vou pôr a culpa no meu eu-lírico, tão pouco no meu apreço pela literatura Byroniana. Admito que o que direi vem desse poço de rancor que cultivo na alma, onde nada é esquecido muito menos perdoado. Cultivo, mesmo sabendo que só fará mal a mim mesma e ninguém mais. Ninguém mais sentirá a dor que sinto dessa deslealdade, ninguém mais será obrigada a engolir com cara de felicidade essas palavras que foram arremessadas sem nenhum compromisso com o peso que tem. E fico impressionada como ainda me impressiono com a falta
de respeito das pessoas, falta de compaixão com o sentimento do próximo.

Despedida

"-Que o inferno seja mais doce que isso!"

Foi o que ela disse antes de por um fim no que chamam de vida.

Tentando me desfazer da mágoa, das más lembranças, das lágrimas.

E é mais difícil do que eu pensava.

Colocando os sonhos dentro de caixas que irão pra onde nunca pensei manda-los.

Sinto algo quebrando dentro de mim, talvez seja o elo invisível que nos prendia, e eu que acreditava que ele era invencível.

Eles não sentem fome apenas no fim do ano. Eles não precisam de ajuda só no fim do ano.

Eles não precisam serem lembrados só nessa época, se durante todo o ano você virou o rosto quando viu na rua, não cobrou providências, não tentou ajudar.

Eles se sacrificam o ano todo pra tentar matar o leão do dia e apenas nessa época você lembra deles!

Assim como você eles não vivem de comer só pão e leite o ano todo mas sobrevivem, agradecem e acreditam que um dia pode melhorar.

Nenhum papai Noel vai deixar presentes pra eles durante a madrugada.

É triste ver a hipocrisia tomar conta de nossos corações essa época do ano, odeio natal,

odeio.