31 de março de 2010

Do anoitecer ao amanhecer

Lá estava eu, deitada a observar aquela linda noite de lua cheia. Deitada sozinha, em um quarto cheio de lembranças em sua maioria ruins. Esperando quem sabe o telefone tocar, alguém bater na porta ou escutar alguém gritando meu nome lá fora, cheio daquele tão falado vazio que não é fome, com palavras entaladas na garganta, lágrimas presas como se fossem crianças sendo impedidas de fazer traquinagem. Mas aquele querer acabou na noite, entrou pela madrugada e morreu pela manhã, nenhum telefone tocou, ninguém estava na porta muito menos me esperando lá fora

O dia

Ao abrir os olhos naquela manhã, senti que algo estranho estava acontecendo. Não entendia de onde vinha aquele gosto azedo na boca, nem aquele cheiro de culpa, tão pouco vozes e imagens que passavam tão rápido na sua cabeça que ela preferia acreditar que não aconteceu. Aquele silêncio ensurdecedor tomava conta de todo lugar por onde eu passava, e apesar de está cheia de duvidas nenhuma resposta era suficiente para aliviar a amargura de uma vida cheia de cicatrizes e a dor de não aceitar ser quem sou. Mais do que tudo naquele dia, eu não procurava simplesmente uma solução ou explicação para o vazio que tomava conta do meu corpo. Eu procurava por abrigo nos braços de alguém, alguém que pudesse me ajudar a segurar o peso que trazia nas costas e assim nesses mesmos braços poder dormir e esquecer um pouco de tudo que me trazia medo, mesmo que fosse só por uma noite, mesmo que fosse engano.

18 de março de 2010



Maria Alice passava por mim todas as tardes, cabeça baixa, olhos vermelhos e caídos, triste, distante, sempre distante. Da janela do seu quarto ela observava seus sonhos correrem de ladeira abaixo. Ela não entendia como a vida podia mudar tão rápido, como tudo que ela imaginava pra sua vida no futuro, pôde se distanciar da realidade em que vive. Passava a noite procurando novas formas de se destruir aos poucos, e apesar de todas as tentativas o vazio parecia que só aumentava